terça-feira, 26 de maio de 2009

REPORTAGEM - MISTERY


CAÇADORAS DE CARRINHOS

Elas são 15% do universo de colecionadores e levam o assunto a sério


SÃO PAULO - Exibir raridades em encontros de colecionadores de miniaturas, garimpar modelos para troca ou venda em fóruns da internet e pesquisar detalhes de cada carrinho. Essas tarefas fazem parte do cotidiano de um número cada vez maior de mulheres. Segundo organizadores de eventos do setor, elas já são 15% do total de colecionadores.

Mônica começou a se interessar por miniaturas quando comprava carrinhos para seu filho brincar

"Não me conformei quando li uma reportagem em que o autor dizia que as mulheres não apoiavam os maridos e namorados na reunião de miniaturas", afirma a colecionadora Mônica Keimich, 28 anos, dona de 400 exemplares, que vão de off-road a tratores. "Comecei comprando-os como brinquedos para o meu filho. Mas eu é que curti a brincadeira", diz Mônica, ex-piloto amadora de rali e funcionária de uma oficina mecânica, que atualmente organiza encontros do Clube Hot Wheels. Acostumada com o mundo dos automóveis, ela conheceu o marido numa prova de arrancada.

Segundo Marcelo Mouawad, proprietário da loja de brinquedos Semaan, que também promove reuniões de apaixonados por miniaturas, casos como o de Mônica ainda são minoria. Ele considera que 15% é um número baixo de adeptos, mas aposta em mudanças. "Atualmente, até o mercado de brinquedos tem mais opções de carrinhos feitos para garotas."

Giovana Spada, que trabalha com sistemas de informação, diz ter passado a infância pedindo carrinhos de presente. "Negavam, me diziam que eu era menina", reclama ela, que hoje tem 600 miniaturas. "Prefiro carros de serviço, como minhas ambulâncias 1971, 1974 e 1977."

Para Kelly Godoy, sua coleção de mais de 3 mil carrinhos não tem preço. "Já cheguei a pagar R$ 200 por um exemplar importado." Apaixonada por antigos, ela estuda a história de cada modelo. "Quero agora um Karmann Ghia de verdade."

Márcia Urbanavicius diz que a melhor parte de colecionar miniaturas é reunir a família. "Mas cada um com sua maleta." Seu preferido foi dado pelo marido: uma caminhonete cor-de-rosa personalizada."

JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO - 02 DE ABRIL DE 2009